O período de isolamento social que atravessamos para conter a disseminação do novo coronavírus (Covid-19) impactou a todos e todas, especialmente no âmbito educacional. Para conhecer os impactos reais na gestão escolar, conversamos com Andressa Lutiano, sócia-fundadora e diretora da Wish School – localizada no Tatuapé (SP) é uma escola bilíngue com abordagem holística. Com uma proposta transformadora, a escola é uma das 178 instituições do Brasil reconhecidas pelo MEC como inovadoras e criativas.
Direcional Escolas: Quais são os impactos na gestão escolar nesse período de isolamento social? Andressa Lutiano: Os impactos na gestão aconteceram em fases. Em um primeiro momento, nós nos ocupamos em entender as decisões de ordem prática para o fechamento da escola e para a comunicação com as famílias e nossos colaboradores. A comunicação, aliás, foi o mais importante desta etapa inicial de rearranjos. Nós nos preocupamos em comunicar a todos da maneira mais tranquila possível, a fim de passarmos as informações mais importantes, mas cuidando de acalmar os ânimos. Nosso objetivo era deixá-los cientes de todas as nossas decisões e próximos passos, para que eles se sentissem mais tranquilos. Penso que isso foi decisivo para a sequência do processo.
Quanto à questão financeira, vamos olhar para ela a médio prazo. Internamente, decidimos honrar todos os nossos compromissos com os prestadores de serviços – mesmo os eventuais. Continuaremos pagando todos eles mesmo que os serviços não estejam sendo prestados.
Com relação às famílias, acataremos a decisão daquelas que decidirem suspender, durante esse período, o pagamento de serviços pontuais, como aulas extras e alimentação, por exemplo.
Quanto ao pagamento da mensalidade pelas famílias, penso que não teremos problemas. Primeiramente porque esse valor corresponde a um montante anual dividido por 12 meses. E, em segundo lugar, porque já iniciamos as reposições por meio de ensino a distância (EAD), de acordo com as orientações dos órgãos competentes. Além disso, se preciso, estamos preparados a fazer reposições presenciais oportunamente.
Direcional Escolas: Nesse período, a área administrativa trabalhará com equipe reduzida? Como o colégio está procedendo com os funcionários, cantina e serviços terceirizados? Andressa Lutiano: Os professores trabalharão de casa, respeitando suas cargas horárias, e receberão seus salários normalmente. Cuidamos de organizar tudo isso antes do início do EAD. Cedemos computadores, fones de ouvido e outros equipamentos àqueles que precisavam.
Com relação as horas, férias e outras questões do gênero, pouco temos autonomia para definições; dependemos das decisões dos sindicatos. Até agora, com base no que o sindicato tem conversado, seguiremos em EAD e manteremos as férias legais de 30 dias dos professores em julho.
Quanto ao pessoal de apoio – limpeza e alimentação, em especial –, como estamos com a escola fechada, optamos por não manter ninguém trabalhando. Obviamente, esses colaboradores não se inserem num contexto de trabalho remoto. Por isso, já conversamos com eles que vamos analisar o tempo de parada para, na volta, fazermos pequenas compensações, como, por exemplo, em eventos pontuais que ocorram aos sábados ou à noite. Normalmente, nessas situações nós os pagamos ou damos folga em um dia da escolha deles. Após a parada, faremos acordos de compensação dessas horas não trabalhadas. Caso a escola permaneça fechada por dois meses, no entanto, tentar compensar todas essas horas será impensável. Entendemos que isso, se ocorrer, ficará por conta do caráter emergencial da situação, e, portanto, eles não serão cobrados ou descontados, naturalmente.
Direcional Escolas: A instituição aproveitará esse período para realizar alguma limpeza específica ou mudanças/reformas estruturais? Andressa Lutiano: Inicialmente não. Temos observado muito de perto todas as recomendações dos órgãos e autoridades competentes, e, por isso, ao menos por ora, a ideia é não ter ninguém circulando pelas dependências da escola. A única exceção foi uma manutenção de quadra, programada antes da crise, realizada em 20 de março – um dia depois do fechamento da escola. O prestador fez o serviço sozinho.
Direcional Escolas: Quais medidas o colégio planeja realizar após essa pandemia, quando os alunos regressarem às salas? Haverá alterações e novos planejamentos com o intuito de cumprir o cronograma letivo de 2020? Andressa Lutiano: Quando o retorno for liberado pelas autoridades e órgãos competentes, planejamos voltar com a equipe de apoio pelo menos quatro dias antes do reinício das aulas, para limpeza adequada do espaço e adequação do ambiente. Os professores devem voltar dois dias antes do início programado das aulas, para que possam organizar a transição do EAD para o presencial. Só depois disso é que nossos alunos retornarão.
Quanto ao cronograma letivo, vamos continuar com o EAD até que a reabertura da escola seja autorizada. Por ora, seguiremos com o calendário inicialmente previsto – inclusive com as férias acontecendo em julho. Mas, naturalmente, a depender do tempo de parada e das orientações da Secretaria da Educação, estamos prontos para fazer novas adaptações.
Projetamos, se necessário, alterar as datas de alguns eventos importantes, do primeiro para o segundo semestre – portanto, sem cancelá-los.
Na volta, também queremos fazer encontros e eventos com colaboradores e familiares, até para entendermos como as pessoas passaram e saíram dessa crise. Pretendemos convidar as famílias para que falem um pouco desse período, que certamente será de muito aprendizado para todos.
Entendemos que o mais importante é não deixar que essa paralisação crie um distanciamento entre a escola e as pessoas. Por isso, estamos olhando mais para esse período de paralisação do que propriamente para o retorno, já que a maioria das questões relacionadas à reabertura não dependem exclusivamente de nós.
Assessoria de imprensa: Ricardo Mituti
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