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Os detalhes que estão por trás das escolhas que fazemos para as nossas práticas cotidianas:

MATEMÁTICA:

MATH REVOLUTION

 

A educação é uma ciência e como tal está sempre se desenvolvendo; novas teorias, estudos e aprimoramentos permitem que possamos olhar e ouvir as crianças incluindo-as cada vez mais no próprio processo de aprendizagem

 

Também a matemática e a forma como podemos apresentá-la às crianças vem sendo objeto de estudo e novas teorias, teorias mais antenadas às demandas modernas e à forma como as pessoas aprendem, surgiram.

 

Entre esses estudos, uma iniciativa chamou nossa atenção e, há 2 anos, temos nos debruçado sobre ela, estudando o material produzido, participando de cursos e palestras e trabalhando com os novos formatos em formações de equipe e com as crianças. Esses estudos são capitaneados pela Universidade de Stanford, nos EUA, por duas grandes pesquisadoras: Jo Bowler e Carol Dweck. As propostas de mudança nas premissas e na metodologia do ensino da matemática que elas propõem vêm sendo aplicadas com excelentes e surpreendentes resultados como vocês podem conferir no vídeo.

 

https://player.vimeo.com/video/265191783

A maior mudança é um aumento significativo na participação e entendimento das crianças nas propostas de matemática. 

 

Carol Dweck é a autora do livro "Mentalidade de Crescimento". De acordo com sua pesquisa, ela afirma que o sucesso no aprendizado está muito mais relacionado à atitude frente à dificuldade e ao desafio do que a qualquer condição cognitiva inata ou prévia. Isso em qualquer área do conhecimento. Jo Boaler se baseia nas ideias de Dweck para promover a máxima de que matemática é para todos e que precisamos modificar a forma como encaramos essa relação com a disciplina e as competências necessárias para dominá-la. Um exemplo ótimo de uma coisa que a maioria de nós acredita e que ela rebate é a ideia de que para ser bom em matemática a pessoa precisa ser rápida ou acertar sempre. A lógica que ela traz (e que nós assinamos embaixo) é que a liberdade para pensar matemática faz com que as crianças sigam aperfeiçoando suas hipóteses. Discutir a maneira como pensam as diferentes formas de se chegar a um resultado, vivenciar a liberdade para cometer erros, explorar, descobrir, fazer perguntas e ser criativo fazem com que as crianças se desenvolvam e se percebam nesse crescimento. 

 

Os quatro pilares dessa abordagem são:

1) Qualquer pessoa é matemática;

2) Erros são sinal de que a pessoa pode crescer;

3) A velocidade não é tão importante quanto o pensamento cuidadoso;

4) A compreensão é mais relevante do que a memorização. 

Nós, aqui na Wish, mantemos nosso compromisso com a inovação, com a busca de novas e melhores teorias e práticas que possam auxiliar nossas crianças na construção de uma vida melhor e mais cheia de significado. 

 

Para saber mais: 

site oficial: https://www.youcubed.org/pt-br/

vídeo sobre mentalidades matemáticas (Sing): https://www.youtube.com/watch?v=xoY_DsW37wM&feature=youtu.be

 

Sabemos que essa forma de enxergar a matemática é muito diferente daquela que nós adultos vivenciamos na escola. Por isso, se tiver dúvidas ou até mesmo curiosidade de saber mais, estamos por aqui!!!

STUDENT-LED CONFERENCES

Numa era em que a demanda por um modelo educacional centrado no estudante é cada vez maior, um dos grandes obstáculos para transformar aprendizes em protagonistas das suas trajetórias de aprendizado é a falta de apropriação em relação ao que aprendem, à forma como aprendem e de como atingem seus objetivos. 

Na Wish, honrar essa posição do estudante como protagonista do seu percurso é uma de nossas principais missões. Sendo assim, queremos propor mais um passo nessa direção.

 

 

O que estamos aprontando dessa vez?

 

Student-led conferences (conferências entre estudantes e seus responsáveis) são encontros em que os próprios estudantes relatam suas experiências de aprendizado para suas famílias. Esses encontros fecham um ciclo de uma lógica de projeto pedagógico em que a educação é feita PELO estudante e não PARA o estudante. 

Quando um estudante assume a responsabilidade de falar sobre o que ele está explorando, descrever as competências e habilidades que estão sendo desenvolvidas na escola, explicar seus objetivos e reconhecer os desafios que precisa enfrentar para atingi-los, ele precisa traçar metas e entender sua trajetória acadêmica com profundidade. 

Isso já acontece em todos os âmbitos da relação das crianças com seus pares e com adultos da escola. Entendemos que é hora de essa ideia se estender, ainda mais, às famílias.

Ao liderar as conferências com seus familiares, o estudante assume uma postura ativa frente ao seu processo de aprendizagem e sente-se genuinamente responsável por suas escolhas e pelo desfecho de suas conquistas acadêmicas. Dentre inúmeras evidências em favor deste formato de conferências BORBA e OLVERA (2001) destacam o protagonismo, o engajamento e a motivação dos alunos em relação ao seu processo de aprendizagem.

 

Para quem tiver curiosidade e quiser explorar mais:

 

BACICH, Lilian; MORAN, José (Org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. 238 p.

 

BERGER, Ron; RUGEN, Leah; WOODFIN, Libby. Leaders of their own learning: transforming schools through student-engaged assessment. 2. ed. San Francisco, Ca: Jossey-Bass, 2014. 363 p.

 

BORBA, John; OLVERA, Cherise. Student-Led Parent-Teacher Conferences in The

Clearing House: A Journal of Educational Strategies, Issues and Ideas. 74:6, 333-336

AVALIAÇÃO

A educação é uma ciência e, como tal, está sempre se desenvolvendo. Novas teorias, estudos e aprimoramentos demonstram a importância de olhar e ouvir as crianças, incluindo-as cada vez mais no próprio processo de aprendizagem. Da mesma maneira,  a avaliação e a forma como a entendemos no contexto escolar formal vêm sendo objeto de estudo e novas teorias, mais conectadas às demandas contemporâneas, surgem de maneira a demonstrar os reais objetivos da avaliação dos saberes tais como eles se apresentam para nós no século 21.

A linha pedagógica que acreditamos, nos brinda com o que é chamado de avaliação formativa. Esse tipo de avaliação pressupõe que o aprendizado é um processo contínuo, nunca chegando ao seu fim e, por isso, avaliar é uma ferramenta que alimenta o próprio aprendizado, nos oferecendo a chance de melhorar, de conhecer nossas forças e fraquezas e entender qual é a melhor maneira de atuar diante dos diversos desafios que temos. Essa ideia é bastante diferente do que a maioria de nós vivenciou em nossas vidas escolares, que mais se aproxima de um juízo final, um julgamento que diz se você é bom ou mau, mas que não sugere nenhuma saída.

Ao fazermos avaliação a partir dessa premissa formativa, as perguntas que devem nos nortear são O QUE avaliar (conteúdo); COMO avaliar (forma); PARA QUE avaliar (intencionalidade). Para quem tiver curiosidade de entender melhor essas três categorias, esse vídeo  trata do assunto (41'30'' a 53'10''). Pensando nessas três perguntas, vamos analisar o que elas significam para o nosso contexto na Wish.

 

O QUE? 

Nossa necessidade de avaliação, diferente dos antigos formatos que apenas avaliam a memorização de conteúdos, pressupõe avaliação de todas as frentes ligadas aos 5 eixos do Mapa Holístico. Avaliamos não só a matemática ou a competência para escrever textos, mas também a resiliência, a capacidade de se autogerir, a habilidade de trabalho em grupo, etc.

 

COMO? 

Quando falamos em avaliação, o que vem na cabeça de 90% das pessoas é PROVA (herança do formato de educação que tivemos). Prova é sim um instrumento de avaliação. Mas é UM instrumento entre os vários que existem. UM instrumento que é considerado cada vez mais limitado, capaz de testar apenas de maneira massificada e somente a partir de questões muito genéricas e objetivas. Há muitas outras maneiras de avaliar o desenvolvimento de um estudante que levam em consideração o processo da aprendizagem e o seu percurso. Abaixo é possível visualizar alguns dos instrumentos de avaliação utilizados na Wish e uma breve descrição deles.

  • Tutoria

A tutoria é um encontro individual entre um educador (tutor) e um estudante. Durante o ano, cada criança tem um tutor que a acompanhará nestes momentos e terá um olhar especial para o seu aprendizado. Algumas vezes por semestre, o tutor e o estudante se reúnem para refletir e analisar o período que se passou até então, quais foram os desafios, as conquistas e os aprendizados daquele momento. Neste momento, eles também estabelecem metas para o próximo período, até a próxima reunião.

Após o encontro, o tutor produz um relatório descrevendo o que foi discutido e apontando as reflexões feitas durante a reunião de tutoria. Este relato será colocado no portfólio do estudante para ser compartilhado com pais e familiares.

  • Autoavaliação

Partindo da concepção de criança como protagonista do seu processo de aprendizagem, não podemos deixá-la de fora quando o assunto é avaliação. Na Wish, as crianças têm a oportunidade de olhar para as próprias questões, sejam elas de caráter cognitivo (conteúdos), emocional ou atitudinal (competências/soft skills), e refletir sobre elas. Ao se autoavaliarem, as crianças têm a chance de se conhecer melhor, de perceber como aprendem, onde têm mais dificuldades, onde podem ajudar os outros e onde precisam de ajuda, tornando-se, assim, co-responsáveis pelo seu desenvolvimento. 

Os tutores auxiliam nesse processo de diferentes maneiras, de acordo com a maturidade de cada estudante nesse percurso de autoconhecimento: podem elaborar perguntas, conversas, formulários ou atividades de autoavaliação de competências e/ou de conteúdos que os ajudem a provocar, organizar e até mesmo registrar essas reflexões e esses aprendizados. 

  • Portfolio

O portfólio é uma ferramenta que reúne evidências do processo de aprendizagem, das conquistas e dos sucessos de cada estudante. Ele possibilita à equipe docente retomar as questões que mais importam com e para cada criança; ajuda a criança a se autoavaliar e a enxergar forças e desafios, e também informa pais e familiares dos avanços e necessidades dessa criança num espectro muito mais amplo do que uma lista de letras e números em um boletim.

Esse documento é o que vai nos dizer, muito mais do que qualquer teste padronizado poderia, a respeito de uma criança e de como individualizar nossas intervenções. Queremos, com ele, dar visibilidade a como as crianças pensam e se expressam, o que produzem e inventam, como brincam, jogam e discutem hipóteses, quais linguagens lhes são mais próximas, como sua lógica funciona. Queremos fortalecer a ideia de que os estudantes possuem talentos únicos a compartilhar com o mundo e que damos muito valor a eles.

O portfólio reúne todos os outros instrumentos de avaliação que utilizamos:  relatos de tutoria, autoavaliações, etc., pois todas essas ferramentas se complementam e formam, juntas, a avaliação que realizamos na Wish.

  • On going (revisões, correções, observações)

Para que esses instrumentos tomem forma, os educadores estão observando os estudantes a todo momento, em suas interações durante os projetos, durante as refeições, durante os momentos livres. As atividades produzidas, as correções e o envolvimento de cada criança com esses momentos também são fonte de informações que os educadores levam para a reunião de tutoria para discutir e refletir com as crianças.

É importante mencionar que esses dispositivos e formatos são adaptados de acordo com cada faixa etária. Portfólios e Tutorias acontecem desde as turmas de Toddler (2 e 3 anos) até o Ensino Médio, com dinâmicas adaptadas de acordo com cada turma. Porém, o processo contínuo de reflexão está presente em todos os momentos.

 

PARA QUE? 

O objetivo real de uma avaliação (e que é praticamente oposto ao que estamos habituados a testemunhar nas escolas) é dar ao estudante uma fotografia do momento presente, oferecer para ele um espelho, uma possibilidade de se olhar, de se perceber nas suas fraquezas e potências e de ajustar a rota na direção do que melhor vai ajudá-lo a se desenvolver. Vista dessa maneira, a avaliação tem como principal intencionalidade a qualificação. A avaliação que vemos praticada na maioria das escolas e a qual fomos expostos em nosso percurso como estudantes apenas se presta a excluir aqueles que não se enquadram em uma determinada norma. Avaliar a partir do olhar de qualificação de um processo vivenciado permite que tanto os estudantes quanto os educadores ganhem a capacidade de intervir e se adaptar. Assim, a avaliação orienta e não rotula.

Considerando as questões que propusemos acima, vamos transpor essas ideias para uma situação bastante prática. Imagine que você acabou de lavar a louça e alguém vem "avaliar" seu trabalho. Quais seriam os possíveis cenários:

  • Alguém chega depois que você terminou e diz: não está bom. Você não sabe lavar louça. Isso te ajuda na próxima vez que você for lavar louça? Isso ajuda essa louça a terminar mais bem lavada? 

  • Alguém te acompanha durante o processo e, de vez em quando, faz uma observação: se você lavar a bucha, a gordura sai mais fácil. Veja como o copo virado para baixo seca melhor. E assim, você segue, ajustando sua forma de lavar a louça. Você acha que terminará essa louça com mais ou menos habilidade para lavar uma próxima? Você acha que essa louça terá uma qualidade melhor ou pior que a do exemplo anterior?

Por fim, gostaríamos de reafirmar que, aqui na Wish, mantemos nosso compromisso com a inovação, com a busca de novas e melhores teorias e práticas que possam auxiliar nossas crianças na construção de uma vida melhor e mais cheia de significado. Sabemos que essa forma de enxergar a avaliação é muito diferente daquela que nós adultos vivenciamos na escola. Por isso, se tiver dúvidas ou até mesmo curiosidade de saber mais, estamos por aqui!!!

 

Para saber mais: 

Webinar com Celso Vasconcellos - Avaliação: antes, durante e após a pandemia

PROJETOS

Você sabia que nós aprendemos melhor quando estamos envolvidos com um assunto de nosso interesse? Para que a aprendizagem seja significativa é preciso que ela tenha algum vínculo com o sujeito aprendente: um problema a ser resolvido, uma curiosidade, uma necessidade para um fim específico - interesse no sentido amplo da palavra. Desde 1902, John Dewey, um importante pensador sobre educação, diz que conteúdos nunca podem ser "inseridos" no estudante através de uma força externa (porque alguém decidiu que aquilo era importante). O aprendizado acontece a partir de uma força interna e ativa.

Assim, na Wish, prezamos para que o aprendizado esteja em conexão com a força interna de cada estudante e um dos recursos que temos para isso são os Projetos. Os projetos são um elemento chave do nosso Plano de Aprendizagem Pessoal (PAP), são a base da nossa rotina. 

 

 "If the teacher can make connections between subject matter and student interests, the student will often respond by engaging with the subject matter more directly." (Miller, 1988, p. 192)

 

O ponto de partida de um projeto é o interesse dos estudantes. Quando o ano letivo começa, os tutores, além de engajar a turma em propostas para que se conheçam e se formem como grupo, oferecem uma variedade de provocações: leituras, discussões, vídeos, experiências. Essas provocações servem para que os estudantes possam interagir com diferentes temas e informam os tutores sobre os interesses daquele grupo, até que encontrem algo que queiram pesquisar e aprofundar.

Com o tema escolhido, os educadores (tutores e especialistas) passam, então, a conectar o tema do projeto com os conteúdos previstos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a explorar diversas habilidades e competências necessárias para o desenvolvimento dos estudantes. Isso não significa que a exploração e as experiências acabaram. Aulas expositivas acontecem quando necessárias; porém, é a exploração ativa dos estudantes que é o formato dominante. Jogos, entrevistas, visitas de especialistas (de dentro e de fora da escola), visitas a locais que sejam importantes para o projeto (pré-COVID), vivências, explorações artísticas, são alguns dos formatos utilizados pelos educadores para aprofundar os temas escolhidos para o Projeto e os conteúdos ligados a eles.

É importante dizer que, além de os estudantes liderarem a escolha do tema do projeto, todo o desenrolar também acontece a partir do diálogo com o grupo. Quando o tema do projeto é escolhido, levantam-se diversas hipóteses e expectativas, mas é a partir de cada proposta, cada interação com o grupo, que esse projeto vai tomando forma. A imagem abaixo ilustra um pouco a ideia desse caminho:

O ciclo acima é percorrido diversas vezes durante o projeto e muitas oportunidades de refazer, retomar, ajustar a rota são oferecidas. Refletir sobre o projeto enquanto ele se desenvolve é essencial para que a aprendizagem seja significativa e os caminhos façam sentido para todos os envolvidos.

 

De maneira geral identificamos que os projetos podem ser de três tipos:

  1. Responder perguntas

Esse é o tipo de projeto que surge quando os estudantes têm muitas perguntas acerca de um tema específico. Como um Projeto de Pesquisa, o objetivo será responder às perguntas através de pesquisas, conversas com especialistas, debates, discussões e  levantamento de conhecimentos prévios e hipóteses. 

  1. Resolver um problema

Esse tipo de projeto surge a partir de uma demanda real. Um problema é identificado pela comunidade da escola (ou fora dela) e os alunos se engajam em solucioná-lo. Assim, os tutores e os estudantes identificam quais são as habilidades e competências necessárias para que cheguem até a solução deste problema.

  1. Construir algo

Os estudantes decidem que querem construir ou criar alguma coisa. Pode ser uma criação artística, algo funcional ou algo que resolva uma demanda que o grupo identifique. Assim como nos projetos que visam resolver problemas, os educadores passam a trabalhar os conteúdos e as habilidades necessárias para que essa construção/criação seja bem sucedida.

 

Durante o processo do projeto, os educadores e estudantes constroem um mapa visual das propostas, conteúdos e competências explorados, criando um desenho do caminho que o projeto vai tomando. A imagem abaixo mostra um desses mapas.

 

 

 

Assim, quando o projeto é finalizado, tanto educadores quanto estudantes podem ter uma dimensão de tudo o que foi estudado e explorado, transformando as experiências em reflexão.

Essa semana as turmas finalizaram a escolha de seus primeiros projetos do ano! Estamos muito animados com as possibilidades que foram encontradas. O mapa abaixo traz um pequeno resumo dos temas que surgiram. Se você achar que pode contribuir com algum desses temas, sua participação será muito bem vinda!!!

mapa mental jovem guarda.png
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REFLEXÃO

 

Parte da nossa missão na Wish é atualizar o modelo escolar para que combine com as demandas da vida em sociedade no século 21. No desenvolvimento das pesquisas sobre educação percebe-se que, neste momento, é mais importante saber COMO conhecer do que O QUÊ conhecer, já que temos informações disponíveis por todos os lados. Assim, a reflexão toma um lugar de destaque no processo de aprendizagem.  

 

Por que refletir?

É através da reflexão que vamos aprofundar e dar sentido ao que aprendemos, e existem alguns motivos para que isso aconteça na Wish:

 

  • Saber como eu aprendo → outros valores da Wish entram nesta questão: autonomia e diversidade. Prezamos pela autonomia dos estudantes e também entendemos que cada pessoa tem habilidades únicas. Assim, a reflexão contribui para que cada estudante perceba de que formas seu aprendizado pode ser potencializado. Algumas pessoas precisam escrever para memorizar, outras sabem que assistir a um vídeo é o melhor caminho, enfim, existem tantas possibilidades quantas pessoas. Sabendo como se aprende melhor, o estudante pode ter mais autonomia e tomar a direção do seu aprendizado para si.

 

  • Saber por que eu aprendo → Quando você estava na escola, você se perguntava: "Mas por que eu tenho que aprender isso? Que diferença isso vai fazer na minha vida?". É justamente essa reflexão que queremos levar aos estudantes. Ao entender a função de cada aprendizado, nos apropriamos desse conhecimento, isso passa a fazer sentido para nós e podemos, também, nos aprofundar nele.

 

  • Recálculo de rota → é através da reflexão que podemos perceber o que deu certo e o que poderia ser melhorado, o que não saiu como esperávamos e o que podemos fazer de diferente da próxima vez. Esse processo está totalmente conectado com os outros dois pontos que abordamos aqui (como eu aprendo e por que eu aprendo).

 

Como a reflexão acontece?

A reflexão é parte natural do nosso pensamento. Estamos o tempo todo avaliando nossas ações e refletindo sobre o que fazemos, como fazemos e por que fazemos. Mas, como educadores, entendemos que é necessário ter momentos dedicados a essa reflexão para que possamos trazer os aprendizados para o campo da consciência e, então, informar nossas próximas decisões. Assim, na rotina da escola temos alguns momentos que são dedicados a isso:

 

  • Tutorias → talvez este seja o principal momento em que essa reflexão pode tomar uma forma. Nos encontros individuais que os educadores têm com os estudantes é que eles poderão se debruçar sobre as questões apontadas acima e, juntos, entender quais são os recálculos de rota necessários ou, quais as habilidades que cada estudante pode explorar em seu benefício.

 

  • Portfólio → o portfólio é um documento que evidencia a aprendizagem, as conquistas e os desafios de cada estudante. Assim, ao compor o seu portfólio, o estudante entra em contato com essas questões e pode aprofundar a sua reflexão sobre como ele/ela aprende, o que aprende, por quê aprende e possíveis ajustes que sejam necessários para que ele/ela supere seus desafios.

 

  • Semana de reflexão → Apesar de ser algo que acontece constantemente em nosso pensamento, trazer a reflexão para o campo do consciente e da ação não é uma tarefa simples. Entendemos, portanto, que refletir dá tanto trabalho (senão mais) quanto explorar coisas novas. É por isso que temos em nosso calendário algumas semanas dedicadas à reflexão, à construção do portfólio e a esses momentos que vão ajudar cada um a entrar em contato com o seu processo de aprendizagem.

 

Evidenciando a reflexão: tornando o pensamento visível

Talvez tão importante quanto refletir seja registrar aquilo que foi observado. Parar para evidenciar e tornar visível o processo de reflexão valida caminhos, reforça estratégias, traz forças e fraquezas para a consciência.

 

O educador reflexivo

"Ninguém facilita o desenvolvimento daquilo que não teve a oportunidade de aprimorar em si mesmo. Ninguém promove a autonomia que não pôde construir." (Guiomar Namo de Mello)

Para que os educadores possam ser guias dos estudantes no processo de refletir sobre seu aprendizado, é essencial que eles também tenham a oportunidade de experienciar o caminho reflexivo nas suas próprias trilhas de aprendizagem. Para isso, temos, como práticas constantes da nossa rotina, também para os educadores, espaços de diálogo, grupos de estudo, momentos para produção e compartilhamento de evidências de aprendizado. Conforme vivenciam o processo pelo qual precisarão guiar seus estudantes, os educadores percebem quais são os pontos de dificuldade, onde se encontram os principais desafios e quais são as possíveis ferramentas para ajudar a superá-los.

 

Convite

A reflexão sobre as próprias forças e fraquezas e sobre os próprios processos de aprendizagem é benéfica em qualquer momento da vida e cada vez mais valorizada nas mais diversas áreas do conhecimento. Assim, convidamos você também a tentar. Que tal olhar para um último aprendizado, desafio ou superação e responder essas perguntas:

  • O que funcionou pra você?

  • Por que acha que isso funcionou tão bem?

  • Há algo que poderia ter feito melhor?

  • O que poderá fazer diferente da próxima vez a partir dessa experiência?

 

Para saber mais: 

http://escalate.ac.uk/resources/reflection/index.html

http://www.pz.harvard.edu/projects/visible-thinking

 

Sabemos que essa ideia de parar para refletir sobre o próprio aprendizado é diferente do formato que a maioria de nós adultos vivenciou na escola. Por isso, se tiver dúvidas ou até mesmo curiosidade de saber mais, estamos por aqui!!!

ISOMORFISMO

"Ninguém promove o aprendizado de algo que não teve a chance de desenvolver. Ninguém promove autonomia que não tenha experienciado em si mesmo." (Mello, 2000) 

 

A maioria de nós adultos não teve a oportunidade de experienciar, durante a escolarização, uma educação holística como a Wish propõe. Com os educadores que hoje atuam nessa educação não foi diferente. Assim, vocês podem imaginar o quão desafiador pode ser para alguém que teve toda sua educação de forma transmissiva e passiva, promover e fomentar uma educação autodirigida, autônoma, com diversidade de formatos e linguagens. Ao longo dos anos, trabalhando com a educação holística, percebemos que os professores precisavam, muito mais do que falar sobre os novos formatos de educação, vivenciar os novos formatos de educação.

 

Isomorfismo (Niza, 2009) é a estratégia metodológica que consiste em oferecer aos educadores experiências em que as atitudes, procedimentos e técnicas que gostaríamos que fossem aprendidas são efetivamente experienciadas pelos aprendizes. Isomorfismo é a maneira que temos de trazer a experiência real para os educadores e ajudá-los a incorporar conhecimento que será chave para promover uma transformação real e duradoura na educação.

 

O isomorfismo se tornou uma estratégia fundamental para as relações entre os adultos envolvidos na Wish e é a base da nossa formação de professores. Se queremos que os educadores ofereçam autonomia aos estudantes, eles precisam experienciar autonomia em suas práticas também. Se almejamos que utilizem uma diversidade de linguagens, eles precisam experimentar essas linguagens na sua formação e também nas suas práticas cotidianas na escola. 

Assim, anos atrás, ao tentar fomentar o uso de maior diversidade de linguagens com as crianças, no lugar de palestrar a respeito, oferecemos uma formação inteira baseada no uso dessas linguagens. Pintura, textos, vídeos, esculturas, mapas. Ao vivenciar todas essas possibilidades, os educadores passaram a poder oferecer essas linguagens com muito mais confiança e propriedade, além de saber ("na pele") das dificuldades e desafios presentes em cada uma delas, para poder melhor auxiliar os estudantes.

A partir dessa experiência, com a premissa do isomorfismo como guia, sempre que pensamos em desenvolvimento profissional, cuidamos para que haja o mesmo tipo de diversidade e riqueza de vivências e propostas que almejamos para os nossos estudantes. Estamos proporcionando equilíbrio entre os pilares do mapa holístico? Os professores têm voz na escolha dos temas, organização dos formatos, seleção das linguagens? Autoconhecimento e autoria tem espaço na nossa formação? Sempre buscando manter a coerência nas nossas práticas, seguimos oferecendo aos educadores as ferramentas, formatos e organização que gostaríamos que eles oferecessem aos nossos estudantes. Para que vivenciem a educação holística, vamos muito além de palestrar sobre seus conceitos;  oferecemos, ao invés disso, uma vivência imersiva na educação holística.

 

Se falamos em aprendizagem baseada no interesse dos alunos, temos também que pensar formação baseada no interesse dos educadores. 

Ao final de cada semestre, realizamos sessões de feedback com os educadores para entender o que eles acham que funcionou bem e o que poderia melhorar. Com base nesse feedback, montamos a estrutura-base para a formação que acontece no início do semestre seguinte. Com essa base em mãos, vamos atrás de contemplar interesses específicos dos educadores. Práticas como "O que eu gostaria de aprender mais" e "O que eu sei/aprendi e gostaria de compartilhar" colocam os educadores no centro de seus processos de formação e desenvolvimento, empoderando-os para serem responsáveis por seus caminhos de aprendizado. Tema de estudo, ritmo de aprendizado, foco em amplitude ou aprofundamento - cada uma dessas áreas é contemplada de maneira única e personalizada para cada educador, sendo a escola facilitadora desses processos.

 

Se falamos em gestão de tempo e tarefas sob responsabilidade dos estudantes (PAP), temos também que pensar planejamento e práticas nas mão dos educadores (Plano de Possibilidades). 

Por entendermos que a prática pedagógica é viva e dinâmica, não pensamos em um planejamento engessado e imutável, mas projetamos um plano de possibilidades visando nortear as propostas, provocações, intervenções e observações que realizaremos. O ideal é que o plano de possibilidades contemple o que foi planejado, em que tempo será realizado, que espaço será utilizado, que agrupamentos serão organizados e quais materiais/recursos serão necessários.

↺1. PLANEJAMENTO   2. EXECUÇÃO   3. REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA  1..2..3.. 1..2..3.. 1..2..3.. 

[...] o planejamento é definido como um método de trabalho, no qual os educadores apresentam objetivos educacionais gerais, mas não formulam os objetivos específicos […] para cada projeto ou cada atividade de antemão. Em vez disso, formulam hipóteses sobre o que poderia ocorrer, com base em seu conhecimento das crianças e das experiências anteriores. Juntamente com essas hipóteses, formulam objetivos flexíveis e adaptados às necessidades e interesses das crianças, os quais incluem aqueles expressados por elas a qualquer momento durante o projeto, bem como aqueles que os professores inferem e trazem à baila à medida que o trabalho avança. (RINALDI, 1999)

 

Se falamos em espaço e recursos para que os estudantes possam perseguir seus interesses individuais (free investigation), temos também que pensar essa possibilidade para educadores (Professor mestre). 

Assim como falamos da singularidade do educando, entendemos que cada profissional também tem suas características únicas. Sendo assim, a ideia do "mestre" é potencializar o que cada um faz de melhor. O que é super tecnológico pode ser a referência para todos os colegas quando o assunto for tecnologia. O que é organizado pode dar dicas de organização aos colegas que sofrem com essa questão. O que aquele educador, que é único, faz de melhor? O encorajamos a  mostrar para todos como pode ajudar. Estamos todos unidos pelos mesmos propósitos e sabemos que cada um é extremamente importante para que possamos alcançá-los.

 

Quanto mais espaço os educadores têm para personalizar seus caminhos de aprendizagem, melhor eles o fazem e mais os estudantes ganham. Quando a preocupação de uma vivência verdadeiramente holística é para todos, a rotina escolar se torna um espaço-tempo de conquistas, evolução e felicidade. Quando proporcionamos aos educadores e estudantes um ambiente que incentiva autonomia, propicia escolha e fomenta autoria, cultivamos uma comunidade baseada na confiança e na colaboração, em que cada indivíduo envolvido emprega genuinamente suas melhores competências para que o todo evolua.

 

Para saber mas sobre ISOMORFISMO: 

Contextos Cooperativos e Aprendizagem Profissional:

A Formação no Movimento da Escola Moderna

Sérgio Niza

Congresso Nacional de Educação em Junho de 2021:

Wish School e sua des/re-construção rumo à Educação Holística

Clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=3ELLtEi5oHk

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