Autoavaliações nos anos finais do ensino fundamental
- Vinícius Oliveira
- há 2 dias
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A autoavaliação é um dispositivo através do qual o indivíduo pode avaliar ações, produções, habilidades e/ou desempenho, além de demonstrar e reconhecer capacidades, competências e até mesmo gostos daqueles que a realizam. É uma atividade cognitivo-reflexiva complexa em que se realiza um julgamento sobre si visando o aperfeiçoamento daquilo que é avaliado.
Na Wish 21 (espaço dedicado aos adolescentes de Fundamental 2 e Médio), a autoavaliação é utilizada para suprir algumas lacunas que a avaliação “tradicional” (prova) não consegue dar conta. Se a prova funciona como diagnóstico da situação dos e das estudantes em relação a alguns conteúdos trabalhados em sala que apenas os professores julgam importantes, não corrobora para uma visão ampliada das potências e aprendizados de cada estudante. Assim, consideramos que é muito mais relevante para o ensino e aprendizagem dentro da escola, adicionar à essa conta as percepções do(a) estudante de como ele/ela se relaciona com aquilo que o Professor e a BNCC julgaram como imprescindíveis. Assim, o objetivo da auto-avaliação, aliada a outras formas de avaliação, é ampliar a análise do ensino/aprendizado, buscando aumentar também os benefícios proporcionados por esse processo desenvolvido dentro da instituição.
Nesse sentido, entendemos que a autoavaliação, quando bem estruturada, pode se tornar uma excelente ferramenta para que os educadores tenham acesso a aspectos intelectuais e afetivos dos estudantes, em prol de uma relação saudável estudantes-conhecimento e professores-estudantes, possibilitando a modulação do ensino de acordo com o exposto pelo estudante para além de suas respostas.
No entanto, o que vale para as tradicionais “provas”, vale também para a autoavaliação, ela não funciona sozinha e sem contornos bem estabelecidos. Portanto, demanda um processo de formação continuada dos professores e coordenadores para um constante aperfeiçoamento e manutenção da qualidade da estrutura da autoavaliação a ser aplicada. No fundamental II, esse instrumento avaliativo funciona com maior efetividade se compõe um conjunto de práticas pedagógicas que tornam mais visível o aprendizado do aluno, como as tutorias individuais, atividades socioemocionais coletivas, assembléias, evidências de aprendizagem (portfólio), acompanhamento diário da participação dos estudantes às propostas, além de atividades e testes diagnósticos elaborados pelos especialistas.
Essas práticas fortalecem a proposta pedagógica e são fundamentais para preparar os e as estudantes para a interpretação posterior de seus próprios julgamentos. Alguns autores, como Imídeo Nérici em sua obra “Didática: uma introdução” defendem que se o(a) estudante for orientado(a) a realizar autoavaliações desde os primeiros anos de ensino formal, isso pode contribuir com o diálogo entre professor e estudante, além de favorecer a conscientização do exercício ético que é se avaliar. Dito isso, acreditamos que na Wish 21 temos um excelente resultado com a aplicação das autoavaliações de habilidades e competẽncias, graças principalmente a cultura de autoavaliações que é desenvolvida desde os primeiros anos da escola.
O que preciso saber quando vejo a autoavaliação do meu filho?
Na Wish 21, aplicamos autoavaliações de Habilidades e de Competências, ambas baseadas no que foi postulado pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular) a respeito desses conceitos. A primeira é composta por questões elaboradas por cada professor especialista que ministra disciplinas às turmas, de acordo com as habilidades trabalhadas com os conteúdos abordados no decorrer do semestre.
As questões da autoavaliação de habilidades são formuladas a fim de proporcionar aos estudantes um julgamento claro e objetivo do quanto ele está familiarizado e apropriado de cada habilidade trabalhada. Segue abaixo um exemplo de questão que é encontrada pelo aluno:
1.Sobre o Índice de Desenvolvimento Humano e o Coeficiente de Gini, eu:
a) Não sei o que são, e nem o que medem.
b) Sei o que são, mas não sei utilizá-los.
c) Sei utilizá-los para verificar se um país é desigual e se o seu desenvolvimento humano é baixo, médio ou alto.
d) Além de saber utilizá-los, consigo comparar esses índices entre dois ou mais países.
Assim, a partir da resposta do estudante, podemos entender melhor o quanto aquele conteúdo foi aprendido ou não, esclarecendo possíveis dúvidas no decorrer do cotidiano escolar do(a) estudante. Se o(a) aluno(a) marca a alternativa A, consideramos em um primeiro momento, a partir da metodologia de elaboração da autoavaliação, que esse ou essa aluna entende que não conseguiu estabelecer uma relação frutífera com o conteúdo a ponto de desenvolver o mínimo do que o professor julgou importante. Tal mínimo é, por sua vez, representado pela alternativa B. A alternativa C delimita o ideal de desempenho naquela habilidade e, portanto, a opção de letra D representa a etapa de superação dos objetivos esperados com o conteúdo trabalhado em sala.
É preciso lembrar que os e as estudantes também estão aprendendo a se avaliar, portanto, é necessário um exercício de interpretação deles de seus próprios julgamentos, que deve ser realizado após o preenchimento, acompanhado dos professores tutores e especialistas. Isso sem contar o acompanhamento que existe durante a etapa do preenchimento em si.
Para auxiliar as famílias a interpretarem a avaliação de seus filhos e filhas, a tabela apresentada aos pais e parentes contém uma coluna denominada Teacher’s Assessment, onde podem conferir o quanto a percepção do educador e do(a) estudante estão alinhadas ou não. A proximidade dos pais nesse processo é fundamental para um melhor resultado no aperfeiçoamento do desempenho dos e das estudantes nas diferentes habilidades abordadas pelos especialistas. Deve-se a isso o fato de que, ao trazerem questionamentos, dúvidas ou hipóteses a respeito das respostas e questões, os pais acessam outros detalhes que a tabela preenchida não compreende completamente, além de contribuir para a elaboração e aplicação de autoavaliações mais claras e efetivas em sua função.
Enquanto a autoavaliação de habilidades é renovada e aplicada 2x por semestre, a autoavaliação de competências convida o estudante a julgar criticamente o quanto nutre boas práticas de convivência e ocupação do espaço escolar uma vez por semestre, quase sempre através das mesmas questões e competências. A seguir vocês podem ter um vislumbre das autoavaliações de competências.

Através da repetição de perguntas inspiradas nas competências descritas pela BNCC, podemos observar o desenvolvimento de cada estudante com recortes temporais maiores do que apenas a situação do aprendizado trimestral ou semestral dos indivíduos. Assim, podemos adicionar mais uma camada de acompanhamento do potencial dos estudantes, visando uma melhor atuação dos professores tutores e especialistas respectivamente.
Por fim, reforçamos que a participação e acompanhamento dos pais em relação às autoavaliações e atividades realizadas é fundamental para a construção de uma educação de qualidade e que busca uma relação saudável do indivíduo com o conhecimento e com o mundo ao seu redor. O acesso às autoavaliações é disponibilizado aos pais através do portfólio do estudante - além de ser enviado por Classapp -, onde os familiares podem examinar com cuidado o desempenho do adolescente, antes mesmo do portfólio estar finalizado e corrigido. Apontamentos, dúvidas e percepções são sempre bem vindos e incentivados, em prol de um diálogo completo entre famílias e escola.
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