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O que é Comunicação Não-Violenta e como desenvolvê-la na infância

Comunicação é um tema que parece cada vez mais importante e cada vez mais difícil.

Em tempos de cancelamentos, haters e intolerância, poder e saber se comunicar de maneira autêntica e efetiva pode significar melhores relações e uma saúde mental preservada.

A comunicação não-violenta (CNV) é uma ferramenta importantíssima na tentativa de trazer clareza e autenticidade nas trocas, especialmente em situações mais desafiadoras e de conflito.

Neste texto falaremos sobre as características da comunicação não-violenta e como ela pode ser apresentada para as crianças já na primeira infância.

O que é a comunicação não-violenta?

Comunicação não-violenta tem a ver com uma maneira mais empática de se relacionar não só com as outras pessoas mas também com si mesmo e com o mundo.

Para além das técnicas envolvidas na prática da comunicação não-violenta para resolução de conflitos, o conceito traz em si uma certa visão de mundo, um posicionamento mais generoso para com os acontecimentos e as pessoas.

Um equívoco comum é achar que comunicação não-violenta tem a ver com passividade. A pessoa pode estar falando "baixo e manso" e estar sendo violenta. Do mesmo modo, pode se colocar de maneira firme e assertiva de forma não violenta.

A não violência aqui está relacionada à clareza das demandas presentes na comunicação. Quais são as demandas não supridas ali que estão criando aquele conflito?

Qual é o objetivo da comunicação não-violenta?

O objetivo da CNV, então, está em "colocar em cima da mesa" as reais demandas presentes numa situação de conflito.

Por exemplo, numa briga entre pai e filho que se repete, quando o pai diz ao filho que ele nunca avisa onde está, o que pode estar acontecendo realmente é o pai dizendo que se preocupa com o filho e o filho dizendo que precisa de um espaço de liberdade e confiança.

A CNV vai oferecer técnicas para que essas "necessidades escondidas" se coloquem à vista e tornem a comunicação mais clara e efetiva, suprindo as demandas ali presentes e trazendo entendimento e empatia.

Vejam que não é sobre fazer o que o outro quer, mas sobre entender o que está em jogo naquele conflito e poder colocar suas próprias demandas e também entender as demandas do outro.

Apesar da CNV ser uma filosofia de vida que você pode adotar, um jeito de enxergar a vida e de se relacionar com os outros, consigo e com o mundo, há algumas técnicas que podem ajudar quem está começando nesse processo.

dois estudantes conversam

Os passos sugeridos para a prática da CNV são:

Observação

Nessa etapa há uma premissa de não julgamento.

A ideia é que se possa observar o que está acontecendo e tentar entender quais são os sentimentos e necessidades presentes entre os participantes, sempre com o cuidado de não colocar esses sentimentos e necessidades em bom ou ruim, certo ou errado.

Sentimentos

Aqui o objetivo é conseguir identificar e nomear os sentimentos envolvidos naquela situação.

Identificar e nomear sentimentos são os primeiros passos essenciais para que possamos compreendê-los e lidar com eles.

Necessidades

De acordo com a CNV, atrás dos sentimentos e comportamentos há sempre uma necessidade.

Quando compreendemos nossas necessidades e também a dos outros (por trás da aparência) estamos a um passo de conseguir resolver um conflito.

No exemplo que comentamos acima a necessidade do pai seria cuidar da segurança do seu filho e a do filho seria ter espaço de liberdade.

Pedidos

O último passo desta técnica seria o pedido. Uma vez identificada a necessidade (ou necessidades) os envolvidos podem colocar seus pedidos.

É importante nesta etapa que haja clareza no pedido.

Na CNV a ideia de "dar a entender" é justamente uma das coisas que causa os mal entendidos.

Em cada uma das etapas é importante que se diga, da maneira mais clara possível, o que se observa, como se sente e o que se quer.

Exemplo:

  • Você não me ligou conforme eu pedi (observação)

  • Fiquei com medo que algo tivesse acontecido com você (sentimentos)

  • Preciso saber que você está seguro (necessidade)

  • Da próxima vez você poderia me avisar quando chegar, mesmo que seja por mensagem? (pedido)

Como é desenvolvida a comunicação não violenta nas escolas?

A comunicação não violenta é algo para ser muito mais vivenciado do que ensinado.

Ao enfrentar uma situação de conflito com as crianças, é importante que o educador aja de acordo com as premissas da CNV.

A ideia é ajudar as crianças a observarem e relatarem o que aconteceu - ajuda a dar clareza à situação.

Também é importante que as crianças possam identificar e nomear seus sentimentos. Isso não ocorre facilmente de uma hora pra outra mas devagar e com propostas que tragam sempre essa prática, eles se acostumam e passam a conseguir identificar os sentimentos no seu corpo.

A partir daí, o educador media a situação para que cada criança possa se colocar quanto às suas necessidades e seus pedidos. Combinados surgem a partir daí e é importante que sejam observados e retomados em toda oportunidade.

Assim como qualquer outro aprendizado (não aprendemos matemática tudo de uma vez né?), a prática da resolução de conflito pela CNV leva tempo e deve ser retomada, rediscutida, proposta de novo e de novo para que todos ganhem essa "musculatura" mais empática e amigável.

Desde os bem pequenos é possível:

  • pedir que descrevam suas sensações corporais para que comecem a notar os sentimentos no seu corpo;

  • ajudá-los com ferramentas para se acalmar (respiração, caminhada, etc) quando se sentirem frustrados ou com raiva;

  • depois que se acalmarem, retomar os sentimentos para que possam se acostumar a identificá-los e nomeá-los;

  • ajudá-los a perceber e verbalizar o que os incomoda para que possam cada vez mais "dar conta" de explicitar suas necessidades e pedidos.

Algumas premissas básicas no dia–a-dia da escola podem ajudar a inserir a CNV como cultura para todos.

Eu falo com e não sobre

Ao surgir um conflito, na Wish School por exemplo, temos como premissa a ideia de falar com e não sobre.

O que isso significa?

Quando um estudante, por exemplo, vem reclamar de um colega ou até de um outro professor para seu tutor, o direcionamento que ele recebe é sempre no sentido de "você já falou isso pra ele?"; "Já comunicou a ele que isso te incomoda?"

Dessa forma estudantes e educadores vão se habituando a trazer suas necessidades e pedidos para a conversa e não ficar "alimentando" aquela insatisfação repetindo ela ara diversas pessoas que não podem resolvê-la.

É sobre a ação e não sobre a pessoa

Ao mediar uma situação de conflito, lembramos constantemente que a orientação é julgar a situação e não a pessoa.

Isso faz toda a diferença!

Não é a pessoa que é errada e sim a atitude que ela teve que estava equivocada.

Não é sobre o que você faz mas sobre como eu me sinto

"O jeito que você me respondeu me fez sentir mal"

"Quando você fala mais alto eu sinto como se você estivesse brigando comigo comigo"

Desse modo a pessoa abandona a habitual insatisfação de querer "mudar o outro" e lida com o que está ao seu alcance: explicitar seus sentimentos e necessidades e fazer seus pedidos.

três estudantes se abraçam

Conclusão

Marshall Rosenberg, criador da Comunicação não-violenta, sustentou durante toda sua trajetória que somente através da fala e da escuta empática poderemos resolver nossas desavenças e conflitos de maneira satisfatória.

Se pudermos incutir esses valores em nossos ambientes escolares desde os pequenos até os adultos, certamente teremos relações mais harmoniosas não só nesses espaços mas sentiremos os reflexos nos mais diversos âmbitos da sociedade.

Para maiores informações sobre como diferentes valores da escola informam diferentes propostas para crianças, leia "O que é a filosofia da educação?".


 

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