Sábado de carnaval. O Brasil todo na folia multicolorida, na energia que transbordava até pelas redes sociais que eu acompanhava. E eu na missão de organizar o novo apartamento com a mudança recém feita. Por alguma convergência do universo, eu havia me inscrito para um Congresso Virtual de Educação Alternativa que duraria este dia todo. Minhas energias estavam mais voltadas para a organização da mudança (da casa), mas mesmo assim me conectei no Congresso e passei o dia ouvindo as conversas e workshops.
O Congresso foi organizado pela mesma instituição que realiza um evento anual presencial, do qual participei apresentando um projeto desenvolvido na Wish em 2018. Lembro que foi uma experiência muito poderosa estar por quatro dias imersa com pessoas que falavam da transformação da educação. Lembro que foi depois disso que me empenhei mais na ideia de fazer um mestrado e voltar a estudar convencionalmente.
Quando recebi o convite do congresso virtual me lembrei dessa experiência e fiquei muito animada com a ideia de uma nova pequena imersão. Mas confesso que não consigo esconder a minha decepção. O formato e a organização do congresso, por um lado, são bastante interessantes. Uma série de apresentações estilo "TED Talks", depois uma série de workshops para os quais havia salas separadas e era necessária uma inscrição prévia. À medida que ouvia as apresentações (tanto Talks quanto Workshops) me perguntava qual seria o próximo passo para a Revolução na Educação. Ouvi afirmações e dados que já são amplamente conhecidos por nós que investigamos alternativas há algum tempo: "A escola como conhecemos existe há mais 200 anos."; "Não faz mais sentido ser assim."; "É preciso mudar e oportunizar um ensino diferenciado para todos"). Mas a discussão acabava aí.
A cada nova apresentação me perguntava: Ok, mas como levamos isso além? Existem teorias sobre a mudança já há 100 anos e ainda estamos falando sobre como fazer a mudança. Apenas pequenas iniciativas (micro escolas, homeschooling, unschooling) seguem praticando e investindo nessa mudança. Fiquei com um sentimento de que estamos sempre justificando nossas escolhas para o mundo. O que precisamos fazer para que as nossas justificativas não sejam mais a exceção, mas que sejam buscadas por famílias e cada vez mais pessoas? Já temos muitas teorias e dados que nos dizem porque é necessário mudar a educação. Agora precisamos ir para o próximo passo e ser de fato a mudança. Num próximo texto a gente conta como materializamos isso aqui...
Marina Gadioli
Sócia-diretora, multi-tarefas e correspondente internacional
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