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Fórmulas mágicas

Quando pensei em escrever este texto, a frase que veio na minha cabeça foi "Metodologias ativas - como elas nos ajudaram a fazer uma boa transição para o EaD". Mas quando comecei a pensar melhor sobre o que escrever percebi que estava tentando fazer um texto-venda. Sabe aqueles textos que tem um título chamativo e te prometem uma mudança de vida ao terminar de lê-lo? "Cinco passos para ser mais produtivo", "Como ter sucesso com um único hábito" e assim por diante.


Não faz muito tempo que comecei a me atentar mais para isso. A Andressa já desmistificou esse tipo de fala algumas outras vezes para mim, mas (como com tudo o que aprendemos) precisou de algumas repetições para eu perceber essas armadilhas sozinha.


Não quero desmerecer quem produz esse tipo de conteúdo. Acho, inclusive, que muitos deles (textos, vídeos e outro materiais) realmente nos levam a pensar sobre algo que não percebíamos antes, instigando mudanças reais. Apenas não quero que esse texto seja um deles. Não pretendo apresentar uma fórmula mágica para transformar a sua escola em uma escola virtual, ou estabelecer passos de sucesso para transformar a educação. Seria bom se tivesse a receita de uma fórmula mágica para dizer que foi isso que fez com que a gente se adaptasse tão lindamente a este cenário que se apresentou. Olhando de longe até parece que temos uma receita mesmo. Mas é só se aproximar um pouquinho para perceber que não é bem assim.





Tivemos, sim, muito sucesso na transição da escola presencial para o EaD em tão pouco tempo. Em uma semana conseguimos organizar um esquema inicial para as primeiras semanas de quarentena. Ter metodologias ativas tão incorporadas no nosso dia a dia também foram parte do sucesso. Mas o segredo mesmo foi nosso jeito de trabalhar.


É comum quem está olhando de fora dizer que nós só conseguimos fazer o que fazemos porque nossas crianças são diferentes, nossos professores são diferentes, nossas famílias são diferentes. Sem dúvidas, cada um tem um valor especial. Mas o que é diferente, na verdade, é justamente como a gente reconhece que cada um tem o seu valor especial. Isso é essencial para que o nosso trabalho funcione. Se nós, como equipe gestora da escola, não reconhecemos e colocamos isso em prática, não podemos exigir que os professores o façam com as crianças e assim por diante. Construímos esse estado ao longo de muitos anos e foi esse "segredo" que abriu espaço para que uma (ou mais) revolução acontecesse na escola.


Gostaria de ressaltar dois elementos que fazem parte da nossa visão e da nossa prática diárias. O primeiro deles é "Walk the talk", faça aquilo que você prega. Apenas falar para os professores que eles precisam dar autonomia para as crianças sem que eles próprios tenham autonomia no seu trabalho, não será muito efetivo. O segundo é o isomorfismo (ou homologia de processos) que é a ideia de que aprendemos (melhor, talvez) aquilo que experienciamos. Ou seja, se quero que os professores trabalhem metodologias ativas com as crianças, preciso proporcionar momentos de formação em que eles próprios vivenciem as metodologias ativas para que possam aplicá-las depois. Enfim, como disse não quero apresentar uma fórmula de sucesso, mas quis compartilhar o que percebi que fez a diferença para a gente neste momento.


Neste fim de semestre, gostaria de parabenizar os professores da Wish que se permitiram serem mais uma vez desafiados e superaram, mais uma vez, todas as expectativas. Nós acreditamos em vocês, mas o que mais queremos é que acreditem em vocês mesmos, como fizeram neste percurso.


Marina Gadioli


Sócia-diretora, multi-tarefas e correspondente internacional


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